“O mundo como o vemos, é crucial para o mundo que construímos. O que pensamos, as histórias que ouvimos e as narrativas que nos contamos compõem as nossas personalidades e criam os nossos objetivos, e por tal é de grande importância inspirarmo-nos pelo mundo que queremos e não apenas viver na influência daquilo que já existe. Este vídeo é apenas um exemplo. O Solarpunk é a utopia que pode tornar-se realidade. Além de ser importante estarmos informados e conscientes dos problemas atuais e da História, é importante também fazer tempo para mentalmente nos deixarmos inspirar pelo que pode ser, recarregar energias e imaginar, porque tudo começa aí; ir para fora da cidade e imaginar um mundo livre de poluição; olhar para o mar e imaginar o salvamento de refugiados em vez da morte e apatia destas pessoas que fogem dos seus países de origem por desespero, por necessidade extrema; imaginar o melhor nos demais, além do egocentrismo, ganância, corrupção e violência que o ser humano já mostrou ser capaz; pintar um mundo de cores em vez de deixar que as duras realidades nos tirem as nossas cores. Cuidar do nosso bem-estar mental e emocional é fundamental para uma mudança social positiva. Um mundo novo é possível. E nós iremos dar lugar a novos sistemas, em equilíbrio!”

“Visita a 28 espécies arbóreas, incluindo uma árvore classificada de interesse público – a Dracaena Draco -, com o apoio de um técnico, mediante marcação e com recurso a uma brochura cedida gratuitamente.”














«Entre os catorze e os dezanove anos, fui educado num liceu agrícola da província, isolado nos campos da Itália central.
Estava lá para aprender um verdadeiro ofício. Desse modo, em vez de me consagrar ao estudo das línguas clássicas, da literatura, da história e das matemáticas, como faziam todos os meus amigos, passei a minha adolescência mergulhado em livros de botânica, de patologia vegetal, de química agrária, de cultura hortícola e de entomologia. As plantas, as suas necessidades e doenças, eram o objecto privilegiado de todo o estudo nessa escola. Esta exposição quotidiana e prolongada a seres que estavam, inicialmente, tão distantes de mim marcou de forma definitiva a minha visão do mundo. Este livro é a tentativa de ressuscitar as ideias nascidas nesses cinco anos de contemplação da sua natureza, do seu silêncio, da sua aparente indiferença a tudo o que chamamos cultura.
[…]
A planta encarna o laço mais estreito e mais elementar que a vida pode estabelecer com o mundo. O inverso também é verdadeiro: ela é o observatório mais puro para se poder contemplar o mundo na sua totalidade. Debaixo do sol ou das nuvens, misturando-se com a água e com o vento, a sua vida é uma interminável contemplação cósmica, sem dissociar os objectos e as substâncias, ou, dizendo-o de outro modo, aceitando todas as nuances, até se fundir com o mundo, até coincidir com a sua substância. Nunca compreenderemos o que é uma planta sem termos compreendido o que é o mundo.
[…]
Os seres vivos são para o mundo o que as flores são para as plantas: o seu sexo. Estamos acostumados a entender a sexualidade como um acto puramente orgânico ou uma dimensão exclusivamente biológica. Deveríamos, ao contrário, aprender a considerar a sexualidade biológica como um dos múltiplos reflexos de um fenómeno de dimensão cósmica, no qual o mundo se renova e modifica a sua consistência.
O mundo é constantemente rearmado de modo diferente, e é isso que reproduzimos sexualmente. A vida é o sexo do mundo: não alguma coisa que tenha acontecido acidentalmente e a posteriori em algum momento da sua história, mas a sua estrutura originária, o seu dinamismo identitário mais profundo.» Emanuele Coccia



partilhas relevantes podem ser enviadas para:
contacto@equilibrio.website